quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Começa a Novela do Carnaval de Guarapari: O Direito de Sambar - Capítulos Iniciais

Acostumados que estamos todos com as produções de novelas na TV brasileira, vale a pena acompanhar também o mais novo folhetim que teve início neste verão em Guarapari: "O Direito de Sambar". Da mesma forma como aconteceu no passado em "O Direito de Nascer", a novela guarapariense que nunca termina começou já nos primeiros dias de 2011. Pelo jeito, essa novela vai se transformar numa "saga" devido às proporções que tomou. Os atores e espectadores dessa trama são os mesmos. Da mesma forma, o cenário. Nada é novo! Contudo, a cada ano, uma nova temporada começa e o desfecho parece que tão cedo não terá fim.
Já foi publicado neste Blog o problema que os presidentes de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos estão enfrentando atualmente. A LIGESBC - Liga Guarapariense de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos, entidade responsável pela organização e realização do Carnaval de Avenida do município - declarou em reunião com seus associados no último dia 10 de janeiro que não vai tomar a frente do Carnaval de 2011. O atual presidente da LIGESBC, Pedro Augusto Ribeiro, declarou enfaticamente que não há ânimo, possibilidade e nem recursos para tal realização uma vez que não consegue apoio satisfatório do Poder Público. Apresentou, para surpresa de seus afiliados, a Associação de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos - AESBCG - recentemente fundada pelo então presidente da AMOCENTRO, Themistocles Neto. De acordo com Neto, a Associação servirá exclusivamente para receber e repassar a verba que a prefeitura destina anualmente para as agremiações e para organizar todo o evento que acontece na Avenida Joaquim da Silva Lima.
A discussão em torno da verba e da organização do Carnaval existe há muitos anos. 
Às vésperas do Carnaval, os presidentes das agremiações iniciam uma verdadeira batalha junto à Prefeitura para receber em tempo hábil o tão falado recurso financeiro destinado à realização do evento. De um lado está a LIGESBC - única representante legal das escolas de samba e blocos - que, sem patrocínios firmados durante os meses antecedentes ao Carnaval, busca recursos junto à Prefeitura. Do outro lado, posiciona-se a Administração Municipal dizendo que os recursos são poucos e explicando que o dinheiro só pode ser liberado após aprovação na Câmara de Vereadores. E, em meio a essa guerra de nervos e expectativas, estão os presidentes que lamentam não conseguirem realizar um Carnaval à altura do que o Município e os turistas merecem.
Pelo que se vê, a trama desse folhetim carnavalesco está apenas no início de mais uma temporada.


Dia 12 teve início mais um capítulo da novela "O Direito de Sambar".
No mesmo instante em que a Associação recém-formada realizava uma reunião de contenção de ânimos no Siribeira com os líderes das escolas e blocos, a TV Guarapari veiculava uma reportagem em que o Vice-Presidente da LIGESBC, Almir Gonçalves afirmava que a Liga estava pronta para realizar o Carnaval, ao contrário do que havia afirmado seu presidente dois dias antes.
Na reunião do Siribeira, o Presidente da AESBCG, declarou diante do representante da Secretaria Municipal de Turismo, da equipe da TV Guarapari e dos líderes carnavalescos que só poderia tomar a iniciativa de organizar o Carnaval de Avenida de 2011 se a verba oferecida pela Prefeitura fosse aumentada para R$ 280.000,00. Disse que o montante de R$ 220.000,00 oferecido atualmente pela Administração Municipal é muito pouco para custear os gastos com a infra-estrutura de sonorização, palanque, segurança, iluminação e repasse para as agremiações. Os presidentes das agremiações presentes, por sua vez, concordaram a uma só voz com Themistocles Neto. Nesta reunião estavam representantes dos Blocos: Misses, Cachorra Doida, Quem Não Sabe Brincar Não Brinca, Vai Quem Quer, Olaria 2000, Amigos da Fonte, Sururu e Rama. Os presidentes das Escolas de Samba Mocidade Alegre de Olaria e Juventude de Muquiçaba também compareceram e deram sua opinião favorável ao aumento da subvenção da Prefeitura.
As Escolas de Samba Acadêmicos de JK e Imperatriz do Samba enviaram representantes mas não se manifestaram sobre o que estava sendo tratado. Segundo Simão Pedro, carnavalesco da Imperatriz, ambos foram "tolidos e impedidos" de exporem os anseios e expectativas das agremiações as quais representavam.
Os líderes designaram então o presidente da Associação a enviarem a ata da reunião à Secretaria de Turismo conclamando a Prefeitura a dar uma resposta oficial sobre o valor do repasse de carnaval até o dia 19 de janeiro.
Por fim, o Secretário Adjunto de Turismo, Sr. João Manoel Azeredo, ressaltou que o Tribunal de Contas recomenda que a verba seja destinada ou à LIGESBC ou à AMOCENTRO, entidade que em 2010 serviu de intermediária para as escolas e blocos. Ouvindo isto, Themistocles Neto lembrou que já havia se pronunciado negativamente na condição de presidente da AMOCENTRO.

Terminada a reunião, o Secretário de Turismo, Sr. Adriani Serpa chegou ao Siribeira e ainda encontrou os líderes discutindo no pátio do Clube. Em entrevista à TV Guarapari, Serpa disse que a Prefeitura não pretende entrar em litígio com as agremiações e que há anos tem tentado deixar os blocos e escolas de samba cada vez mais independentes. Afirmou ainda que "a Prefeitura não é realizadora de Carnaval".
Algumas indagações dos representantes permaneceram, todavia, sem resposta.
Afinal, a Associação compreende quais agremiações? Quem são os diretores que, junto a Neto, pretendem defender os direitos dos Blocos e Escolas de Samba de Guarapari? Por quê as Escolas de Samba Acadêmicos de JK e Imperatriz do Samba não poderão participar do Carnaval de Guarapari em 2011? Com base em qual Estatuto as escolas novatas foram vetadas? Quem será a legítima representante das agremiações carnavalescas de Guarapari: a LIGESBC ou a AESBCG?
Talvez essas respostas sejam dadas nos próximos capítulos...

Por: Julio Cezar Gomes Pinto

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