"Firma o batuque que o Samba
Pisa forte no terreiro!
Viva a vida em sua graça
Salve o povo brasileiro."
Todos os líderes de carnaval da cidade resolveram pisar firme em seu propósito de realizar um Carnaval decente em Guarapari. Não querem boicotar, nem tampouco entrar em litígio com a administração pública. Pelo contrário, o que Tarcísio e Milena, presidentes das tradicionais escolas de samba Mocidade Alegre de Olaria e Juventude de Muquiçaba, respectivamente, desejam é garantir um desfile de qualidade na Avenida Joaquim da Silva Lima.De igual forma, o que os representantes dos blocos querem é ter condições de investir mais na própria estrutura, como a contratação de ritmistas para os desfiles, aluguel de carros de som e a realização de festa para os foliões que adquirem os abadás.
Conforme as palavras desses líderes durante a reunião realizada no dia 12/01, no Siribeira Clube, todos querem ajudar a Prefeitura a incrementar o turismo no Município. Com o Carnaval de Guarapari, que acontece uma semana depois do Carnaval de Vitória, os turistas descem da Capital e dos demais municípios vizinhos e lotam as praias e os apartamentos de Guarapari. Com a realização do tradicional Carnaval de Guarapari, há uma grande circulação de dinheiro por todos os lados. O sofrido setor hoteleiro, o setor imobiliário, o comércio, os artesãos, os ambulantes, a economia informal e o Turismo são os mais beneficiados com toda a folia que ocorre no Centro da cidade.
Instalou-se um grande embate em torno do Carnaval. Com as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas, a LIGESBC (Liga Guarapariense das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos) não está podendo receber o patrocínio da Prefeitura. A AESBCG - Associação de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Guarapari - é uma entidade recém-criada, ainda em busca de associados. A Prefeitura, por sua vez, conta com um orçamento que disponibiliza para a LIGESBC uma colaboração de R$ 220.000,00 para a realização de todo o Carnaval. Os representantes das agremiações, entretanto, reivindicam um aumento da verba repassada pela Administração. Esse é o quadro e o enredo da novela que circula pelo mundo do samba de Guarapari.
Esse "reality show" seria espantoso se fosse uma coisa inédita... Mas, não é.
É como o BBB (Big Brother Brasil): a cada verão, uma nova edição!
É o que mostra uma notícia publicada há dois anos atrás, no jornal Folha da Cidade do dia 04/03/2009, sob a assinatura de Adriana Moreira:
Carnaval e Descontentamento
Nem tudo foi alegria na avenida do carnaval este ano. A verba que todo ano era um problema, por sair dois dias antes do início do carnaval, desta vez se tornou maior ainda. Pois além de ser entregue muito próximo da data ainda teve redução de R$ 30 mil. O que para as duas escolas de samba e os 13 blocos era pouco ficou menos ainda.
Protestos foram feitos, um dos blocos mais tradicionais, o único que sai todos os quatro dias e que leva muitos foliões para a avenida, não desfilou nenhum dia. O presidente do bloco das Misses, Mateus Fernandes, pediu desculpa aos foliões, mas não pode aceitar as condições do carnaval de 2009. “Há quatro anos a verba mantinha um valor e este ano abaixou, só que o preço das coisas aumenta. É preciso que o prefeito tenha consciência de que o carnaval aqui no centro é tradição”, ressaltou.
Mateus lembrou que há mais de 30 anos é realizado o carnaval no centro da cidade. “O bloco das Misses é para o folião que gosta de bloco de arrastão e que também não tem como pagar um abadá”, explicou. Ele falou ainda que o dinheiro que consegue é para comprar cerveja, refrigerante, água e churrasco para os foliões do bloco. Além de pagar os músicos da banda. “Eu consigo alguns patrocínios que ajudam a comprar algumas coisas e às vezes consigo brindes para distribuir”, esclareceu.
Para o presidente da Liga Guarapariense das Escolas e Blocos Carnavalescos (LIGESBC), Pedro Augusto Ribeiro, que saiu de blusa preta em protesto, essa atitude foi um ato de desrespeito, por parte da municipalidade. “Houve uma imposição quanto o valor da verba. Primeiro foi oferecido R$ 100 mil, não aceitamos porque não temos como realizar carnaval com essa quantia. Então foram colocados R$ 130 mil sem mais nenhuma negociação”, explicou.
“O carnaval do centro da cidade faz parte da cultura do povo daqui, os turistas já esperam os desfiles e não dá a atenção que ele merece, penso que é um falta de consideração”, concluiu Pedro. Para o carnaval de 2010, Pedro pretende descansar e não participar diretamente da escola de samba Mocidade Alegre de Olaria, a qual é presidente e participa há 30 anos. “Esse ano para mim foi muito desgastante, tanto físico como emocionalmente”, desabafou.
Observe ainda esse vídeo veiculado na TV Guarapari referente ao Carnaval de 2010.
Por: Julio Cezar Gomes Pinto
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