Nascido em Guarapari no dia 12 de maio de 1984, Rogério Arthur Gonçalves Nogueira, este jovem “na idade”, pois tem uma farta experiência no mundo do samba capixaba. Jornalista, cantor, compositor e musico, com vinte e cinco anos, teve a honra de fazer a abertura e o fechamento do show do Zeca Pagodinho em Vitória no dia 24/04/2009. Este menino com jeito simples e reservado está seguindo sua trilha no mundo do samba de uma maneira própria e única. Com várias apresentações no estado, pretende agora lançar o seu primeiro cd, que está previsto para o segundo semestre de 2009.
Como entrou no mundo das escolas de samba e blocos?
Bom, eu acredito que são as raízes , pois minha avó paterna foi destaque de escola de samba em Guarapari e minha mãe já desfilou como passista, tenho uma família festeira que gosta de samba, tenho tios que tocavam instrumentos de corda, minha paixão pelo carnaval vem desde a infância, eu ficava assistindo os desfiles em Guarapari e acompanhava também os desfiles das escolas cariocas pela TV, comecei a aprender cavaquinho em 1999 influenciado por PC do Cavaco (amigo de infância do meu pai) e no ano de 2001 desfilei como cavaquista oficial do GRES Juventude de Muquiçaba, de lá para cá passei a ter envolvimento em outras agremiações como Mocidade Alegre de Olaria, Bloco Carnavalesco Amigos da Fonte ,GRCES Unidos de Jucutuquara e alguns outros blocos.
Qual sua escola do coração?
Em Guarapari tenho um carinho muito grande pelas duas escolas de samba que aqui existem, são elas a Mocidade Alegre de Olaria a qual sou vice–presidente da ala de compositores e cavaquista oficial e também a Juventude de Muquiçaba, agremiação onde comecei. Em Vitória tenho no coração a Unidos de Jucutuquara, pois foi através dela que passei a me tornar mais conhecido no circuito musical capixaba, no Rio de Janeiro meu coração fica dividido entre Portela e Mangueira.
Como saiu de Guarapari para se consagrar em Vitória, já que muitos que são daqui ainda não conseguiram um espaço?
Como disse anteriormente, a Unidos de Jucutuquara foi a escola que me tornou conhecido em Vitória, eu ingressei em 2004 na ala de compositores da agremiação através de um convite do querido amigo Joaca do Pandeiro, com isso fiz amizade com outros bambas como Tonico do Cavaco, Dílson Faria, Ditão e muitos outros, tive também uma boa receptividade vinda de pessoas de várias escolas, de músicos, e de pessoas que fazem parte da movimentação cutural de Vitória, isso fez com que o fosse convidado a me apresentar em diversos eventos da nossa querida capital.
O que te levou a compor samba enredo?
Eu me tornei compositor de samba por incentivo do grande amigo e compositor de Guarapari Valdo do Cavaco, na época eu só tocava e também não gostava de cantar, outros compositores como Zinho do Cavaco e Pedro Pesquisa foram pessoas que também me incentivaram muito a compor e a cantar.
Você é um compositor que trabalha o ano inteiro, compondo gêneros diferentes como: chorinho, MPB, etc.. O que acha do compositor que só faz samba uma vez por ano, assim mesmo sem ter a certeza que este samba vai para a avenida?
Bom, eu acho que aqueles que gostam de samba devem procurar ampliar os horizontes ouvindo também gêneros antecessores ao gênero como o Choro e também gêneros que são decorrentes do samba como a Bossa Nova, o Brasil é rico musicalmente e nós compositores devemos explorar este lado pois só teremos benefícios com isso.
Como são as portas para o compositor capixaba?
A música capixaba tem grandes compositores, infelizmente grande parte de cantores, inclusive de escolas de samba, preferem interpretar obras de autores cariocas, o samba capixaba assim como todo o samba brasileiro é totalmente influenciado pelo samba do Rio de Janeiro, eu acredito que o nosso papel é valorizar e aprender as coisas do Rio mas também temos que acreditar mais em nosso potencial e mostrar para todos que no Espírito Santo também existe samba de qualidade.
Sabemos que o seu Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo foi sobre o programa "EU SOU O SAMBA" da TVE, apresentado pelo nosso grande Francisco Velasco. Porque a escolha?
Eu me lembro que fui conceder uma entrevista a Francisco em 2007 e fiquei encantado com a proposta do programa, eu estava no último ano da Faculdade de jornalismo. Resolvi fazer minha monografia com a temática de analisar as possíveis contribuições que a mídia pode oferecer aos movimentos musicais do Brasil, em especial o samba. Utilizando o campo dos estudos culturais para referendar estas contribuições à identidade cultural da nação, para isso utilizei como análise de conteúdo, o samba, no contexto do programa “Eu sou o Samba”, exibido pela TV Educativa Vitória no intuito de detectar tais contribuições.
O que você sentiu ao ser escolhido para fazer a abertura e o fechamento do show do Zeca Pagodinho?
Eu fiquei lisonjeado com o convite, pois sou fã dele desde a infância, tenho todos os LP´s CD´s e DVD´s que ele gravou. Zeca é um grande sambista e influenciou muito a minha carreira, ao lado de Paulinho da Viola, ele é um mestre para mim.
Nos fale um pouco do CD que está vindo por ai?
Estou gravando meu 1° CD solo com a iniciativa de divulgar composições feitas em solo capixaba, das 14 músicas do disco 12 são divididas entre músicas minhas e de outros autores de Guarapari e de Vitória. Apenas duas músicas não serão obras feitas no nosso Estado, o disco está sendo produzido em Guarapari, e se Deus quiser ainda este ano vocês irão ouvir.
Seu objetivo foi alcançado?
Na música sou um cara realizado, pois fiz coisas que não imaginava que iria fazer. Minha pretensão quando iniciei no samba era apenas tocar algumas músicas ao cavaquinho, com o passar tempo comecei a cantar e a compor tendo a oportunidade de fazer muitos shows. Como jornalista ainda não alcancei meu objetivo, mas as coisas acontecem gradativamente.
Deixe uma mensagem para o mundo do samba!
Eu quero deixar um grande beijo para todas as meninas e um forte abraço a toda a rapaziada que levanta a bandeira do samba capixaba. O carnaval de Vitória cresce em qualidade a cada ano, a LIESES e todas as escolas de samba estão de parabéns pelo trabalho que vem sendo desenvolvido.
Entrevista publicada por Tamara Nascimento
No site: Viva Samba: http://www.vivasamba.com.br/entrevista/entrevista01.htm
Parabéns, Rogerinho!
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