Esse é o Título do Enredo que a Mocidade Alegre de Olaria está desenvolvendo para o Carnaval Guarapariense de 2011. O tema irá abordar a miscigenação em terras brasileiras.
A proposta é expressar na Avenida Joaquim da Silva Lima, a mistura dos Povos Indígenas, Brancos e Negros ocorrida a partir do descobrimento do Brasil, em 1500.
A Escola abordará as questões culturais, étnicas, religiosas e sociais que até hoje são motivo de discussões e estudo por parte de artistas e intelectuais brasileiros.
O samba-enredo, não entanto, ainda nao foi escolhido, mas os compositores da Escola estão de posse da sinopse para desenvolverem suas criações.
Confira a Sinopse do Enredo de 2011
Novamente Olaria, escoltada por uma falange de Serafins azuis, faz sua procissão de paz e amor e anuncia que está em festa. Mais do que isto. Que o Brasil está em festa. O carnaval é a única festa do mundo que consegue reunir milhões de pessoas com um único objetivo: mostrar, cada um a sua maneira, que a vida é bela e que é preciso vivê-la com intensidade e responsabilidade.
Estaremos mostrando e cantando o porquê do brasileiro, que mora em “...um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza...”, é considerado um povo festeiro, alegre, receptivo...
E é neste fervor de viver alegremente a vida que no carnaval de 2011 a Mocidade Alegre de Olaria pede permissão aos antropólogos, principalmente ao mestre Darcy Ribeiro, para falar de um assunto tão próprio deles, as Raízes do povo brasileiro.
Vamos fazer a festa deste povo que maravilhosamente soube se mesclar até resultar numa raça singular entre as raças das nações mundiais.
Falar de nossas RAÍZES é um prazer inigualável. Falar da origem da nossa ‘raça’ com toda a riqueza que a torna peculiar é deliciosamente maravilhoso. Afinal de contas vivemos em nosso dia-a-dia com toda a herança que os ÍNDIOS, BRANCOS e NEGROS nos deixaram. Quer seja na comida, na cultura, na religiosidade, nas artes, na variedade de cores quer seja no estilo, no respeito à natureza e na alegria de viver. Cada pilar na sua maneira, na sua forma, na sua concepção.
Nas veias de todos nós, brasileiros, corre sangue indígena, sangue europeu e sangue africano. É esta mistura ‘quente’ que nos embala a cantar a nossa raça. É a miscelânea entre três fabulosos, grandiosos e de cultura e valores diversificados que iremos mostrar em nosso carnaval.
O Brasil que daí nasceu transcende a um princípio de unidade geral: negros, índios e europeus ganham um só corpo, se transformam em uma só gente, em uma só nação...
Serão três temas em um... Três enredos em um... Três carnavais em um chamado OLARIA...
Olaria
É numa explosão de azul e branco que Olaria abre o seu carnaval cantando as cores do seu pavilhão.
O azul da harmonia e da serenidade, da cor do céu e do mar...
O branco da paz, da união e do desejo de um só povo, uma só nação...
Índios
Habitantes de Pindorama (*)...
Dono desta terra tropical...
Senhor das exuberantes florestas de majestosos animais e aves de belas e coloridas plumagens...
População numerosa que acreditava nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. Transmitiam estes conhecimentos a todos os habitantes da tribo perpetuando as tradições e costumes.
Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura e faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza, a quem mantinham um relacionamento de intenso respeito, e dela retirava somente o necessário para a sua sobrevivência.
Desta maneira, construíam canoas, arcos, flechas e suas habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas, urnas funerárias e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo para festas, rituais ou guerras.
* Pindorama: Em tupi-guarani significa Terra das Palmeiras.
Europeus
Abril de 1500...
Três caravelas, lideradas por Pedro Álvares Cabral, rasgavam os “... mares nunca dantes navegados...”. Os europeus desconheciam outras rotas marítimas a não ser as que levavam para o Oriente.
Inesperadamente (dizem, por acaso), deram nos costados de uma terra nos trópicos, terra de índios e índias, madeiras e outras riquezas que tais.
Era Pindorama...
O branco chega com uma visão eurocêntrica, sentindo-se superior e procurando impor sua cultura. Mostra para o que veio. Celebra a Primeira Missa e rebatiza a terra indígena para:
Ilha de Vera Cruz...
Terra dos Papagaios...
Terra de Santa Cruz...
Brasil (devido à abundância da valiosa madeira cor de brasa)
De imediato o “homem branco” não se mostra muito interessado pelas terras ‘recém descobertas’ a não ser pela extração do ‘pau-brasil’... Somente 30 anos após inicia o processo de colonização do Brasil numa tentativa de protegê-la contra as constantes invasões dos piratas franceses e holandeses no litoral brasileiro, principalmente no nordeste... No entanto, por duas vezes os franceses fundaram colônias no Brasil: uma no Rio de Janeiro (França Antártica) com o Vice Almirante francês Nicolas Durand de Villegagno, e outra, no Maranhão (França Equinocial) com o Capitão da Marinha Francesa Daniel de La Touche.
Somente com a vinda da Corte Portuguesa, em 1808, fugida das tropas napoleônicas foi que o ‘homem branco’ português apoderou-se de fato de sua colônia americana. Trouxeram muito dinheiro, obras de arte, documentos, livros, bens pessoais, cultura, música, costumes e outros objetos de valor. A missão francesa transformou o Rio de Janeiro numa cidade imperial... O Brasil passa a integrar o Reino Unido a Portugal e Algarves.
Negros
África...
Berço da humanidade...
Rica civilização...
Navios negreiros...
Olorum, o Princípio Criador...
Quando eram trazidos nos porões dos navios negreiros para serem escravos no Brasil, os negros africanos trouxeram uma enorme dose de seus deuses, uma vasta cultura musical e demonstrações de força nos trejeitos e gingados de suas danças.
Mesmo proibidos pelos senhores de engenhos, com todas as imposições e restrições, os negros não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, difundiam seus ritmos de forte marcação e danças em grandes festas nas senzalas e terreiros e mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
Tocavam seus instrumentos, dançavam e cantavam suas invocações e lamentos aos santos protetores (Orixás – intermediários entre o mundo terrestre e o Deus Negro) dando vazão às suas esperanças de liberdade. Reagindo à escravidão fugiam dos engenhos formando os famosos quilombos nas florestas. Aí viviam em liberdade praticando a cultura, a língua e os rituais religiosos africanos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
Apesar de não ser o foco do desenvolvimento do nosso enredo, não podemos deixar de reconhecer como dói no coração lembrar como foi dolorida a colonização de nosso país e reconhecer como desvalorizamos nossa identidade... Como fechamos os olhos à nossa etnia... Como desconhecemos a formação do povo brasileiro.
E como forma de resgatar e valorizar a nossa origem, Olaria abordará a riqueza das cores, da intensidade da vida, a beleza das artes, do estilo, da religiosidade e alegria de cada raiz... É uma abordagem artística necessária para relembrar ao povo brasileiro, a Guarapari e a todos os visitantes de nossa cidade quão rica é nossa história...
Afinal, o mix do povo brasileiro nos cobra esta consciência de valorização. Temos que respeitar nossas diferenças, a memória e honra da coragem e da raça.
Desafio nobre para nosso povo de tão lindas raízes...
Viva Olaria...
Viva o povo brasileiro...
Viva a força do carnaval...
Robson Alves
Carnavalesco/2011
A Redação.
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