A Mocidade Alegre de Olaria definiu o enredo que contará a folia do Carnaval de 2012.
Em fevereiro, a escola do bairro mais alegre de Guarapari irá levar para a avenida Joaquim da Silva Lima, a História do Carnaval através dos tempos e as diferentes manifestações no mundo.
Contando de forma irreverente a trajetória do Rei Momo, desde a sua expulsão do Monte Olimpo até a sua coroação no Rio de Janeiro, a Escola de Samba promete brindar os foliões com um carnaval leve e fantasias coloridas.
"As Peripécias do Rei Momo Numa Louca Viagem Pelo Mundo" irá abordar as origens do Carnaval conhecido nos dias atuais. A Escola promete levar os foliões numa viagem imaginária do Rei Momo atrás da felicidade, já que no Monte Olimpo ele era incompreendido. Atrás do par perfeito, Momo viaja pelas festividades antigas e se encanta com as cerimônias religiosas dos deuses antigos como
Ísis, no Egito e
Baco, na Itália. Experimenta as máscaras de
Veneza e Nova Orleans. Momo ainda faz amizade com o
Pierrot, conhece o
Zé Pereira, casa-se com a
Mulata Pernambucana, recebe a
coroa de Rei no Carnaval do Rio de Janeiro, visita o casal mais famoso de
Olinda, ganha um colar dos
Filhos de Gandhi e finalmente decide permanecer no Brasil, onde o Carnaval é mais alegre e colorido.
O Enredo
"As Peripécias do Rei Momo..." foi definido pela Comissão de Carnaval especialmente criada para a Folia de 2012 e atende ao pedido do Presidente Tarcísio Ribeiro. Tarcísio orientou a Comissão a elaborar uma história que poupasse o barracão das super fantasias como era costume até o ano passado.
- Iremos colocar na Avenida um desfile simples, mas belo - disse ele. - Não quero um "bloco de sujos", mas um desfile bem ao estilo da Mocidade, brilhante e de muito bom gosto.
A medida visa também poupar a escola do enorme gasto que decorre de um desfile luxuoso como vem sendo até então. Muitas vezes, o pagamento das despesas de um Carnaval como o da Mocidade atravessa vários meses após o desfile na Avenida.
Conheça a Sinopse:
SINOPSE
Essa é a História do Rei Momo, o mais palhaço de todos os deuses.
Ora, Momo habitava o Olimpo, junto aos seus conterrâneos, os deuses, mas ele queria mais alegria no meio de tantos poderosos de caras fechadas e vozes assustadoras. Momo gostava de brincar, dançar e dormir, mas parecia que aqueles senhores do destino não concordavam com suas sátiras e fanfarrices. O folião era louco por uma festa! Amante do sono e da boemia, tinha uma personalidade delirante e sarcástica. Onde havia uma comemoração, lá estava ele. Incompreendido, Momo foi expulso do Paraíso, coitado. Foi apanhado de surpresa e não teve tempo para se explicar.
Banido, não se deixou abater pela covardia de seus irmãos divinos. Encontrou na Terra um campo fértil para suas estripulias.
Os homens gostam de festejar com a barriga cheia. Momo, então, aproveitou as cerimônias de agradecimento aos deuses pela colheita e instituiu as festividades anuais entre os povos. No Egito, a grande homenageada era Ísis, a mãe de todos. Na terra dos faraós, o povão pintava a cara e celebrava a colheita abundante em agradecimento ao favor de uma deusa tão piedosa.
Ísis era linda! Seu Trono era o mais poderoso! Ela era a mãe de todos e, por isso, merecia ser festejada nos dias da colheita, pois sendo a rainha da fertilidade, levava o pão de cada dia a todos os homens. E, de barriga vazia, ninguém é feliz.
Momo ficou muito encantado pela deusa e, por ela, quase se apaixonou! Mas, ele queria alguém mortal.
Partiu para Roma, na Itália, e de tanto comer e se fartar com as festas dos romanos, Momo ficou gordo e mais debochado ainda! Mas, para representá-lo, o soldado deveria ser o mais bonito de todos. Momo também era muito vaidoso! Nas festas, aquele soldado era coroado como rei e depois sacrificado a Saturno, afinal, Momo era único e ninguém deveria tomar o seu lugar.
A festa que mais agradava Momo eram as Bacanais... Nessa festa, havia muito vinho! Muita dança! E muita alegria! Naquele Carnaval o povo dançava alegremente ao som dos pífaros e das flautas, e quem mandava nessas festas eram as mulheres, que saíam pulando pelas ruas vestidas de panteras ou tigresas. Tocando flautas, tambores e castanholas, elas eram chamadas de “Furiosas”.
Ainda na Itália, em meio a gôndolas e gondoleiros, Momo apareceu com uma linda e charmosa máscara branca! Aproveitou que os nobres se disfarçavam e se misturavam com o povo e se infiltrou no Carnaval de Veneza.
As máscaras dos venezianos eram o ponto alto daquela festança e, durante 10 dias e 10 noites, Momo dançava nos bailes dos grandes salões iluminados, enquanto os “Antigos” e os “Ardentes” desfilavam pelas ruas. Napoleão quis acabar com a alegria dos mascarados, mas eles foram mais fortes e voltaram mais animados do que nunca.
Nas terras do Tio SAM, a festa da “terça-feira gorda” ganhou nome francês: “Mardi Gras” e as lindas moças costumavam pagar prendas para ganhar colares de continhas.
No carnaval americano, Momo pintou a cara e ficou conhecido como Rei Zulu, e os negros podiam participar das festas como qualquer outro desfilando pelas ruas da cidade. Até hoje os bares ficam o tempo todo abertos, e são tomados por multidões com os mais exóticos trajes, que bebem e saem às ruas fazendo a maior algazarra. Os americanos também gostavam de usar máscaras e as suas fantasias roxas, verdes e douradas enfeitavam as ruas de um colorido diferente, enquanto as bandinhas faziam os foliões brincarem durante todo o mês, até chegar a grande terça-feira.
Momo também aprecia o calor da Espanha, que diga-se de passagem, tem o segundo maior carnaval do mundo. Os toureiros e as dançarinas flamencas da Santa Cruz invadem as ruas e sob o ritmo das músicas do Caribe dançam todas as noites, durante sete dias. Momo quase se apaixonou por uma dessas dançarinas, mas elas eram muito sérias, carrancudas e muito nervosas. Entendeu então que deveria partir para outras terras de além-mar e deu na Ilha da Madeira.
Quando chegou em Madeira, Momo ficou extasiado com o Cortejo Alegórico e feliz com o Trapalhão: uma justa homenagem à sua pessoa. É claro que ficou muito envaidecido e entrou na bagunça, junto a milhares de pessoas que se arrastavam pelas principais ruas da cidade. Disfarçado de político, Momo divertiu-se à vontade. Contudo, sua coroa não estava naquela ilha. Não seria em Portugal que o bagunceiro descendente dos gregos seria verdadeiramente consagrado.
Passados muitos anos, o Carnaval da Europa esfriou muito. O povo de lá não é tão quente quanto os que moram aqui. Por isso, Momo embarcou numa viagem sem retorno para o novo país que começava a desabrochar para o mundo: o Brasil!
Momo aportou na Cidade Maravilhosa, no Rio de Janeiro, e foi recebido de braços abertos por Chiquinha Gonzaga que, embalada pela alegria do estrangeiro, compôs uma música para ele, a primeira de muitas outras que surgiriam no solo brasileiro: “Ô Abre Alas!”. Momo entrou nos cordões e desfilou nos blocos pelas ruas da corte imperial.
Foi no Rio de Janeiro que o maior folião do mundo conheceu o Pierrot! Coitadinho do Pierrot... Tão apaixonado pela Colombina! Ah, mas a Colombina só queria saber do Arlequim, e Momo entendeu o motivo: Arlequim era mais travesso que o sentimental e tristonho Pierrot.
Momo percebeu que o Carnaval do Brasil era mais alegre, mais colorido e muito mais animado e decidiu que ficaria por aqui mesmo. Os salões cariocas ficavam abarrotados de gente mascarada e as ruas muito barulhentas. As “Sociedades” enfeitavam seus carros para debochar do Governo e isso deixava o Momo muito doido! Os carros alegóricos dessas “Sumidades Carnavalescas” transformavam os foliões em grandes concorrentes da folia.
Mas, um dia, chegou ao Rio de Janeiro um folião chamado “Zé Pereira” e fez uma revolução no Carnaval. De bumbo na mão, Zé desfilava pelas ruas e o povo ia atrás cantando:
“E viva o Zé Pereira
Viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval”
Quando foi embora, deixou como herança a cuíca, o pandeiro e o tamborim para os demais foliões.
Enquanto os pastores e as pastoras do Rancho rumavam para Belém atrás do mestre-sala e da porta-bandeira, os Corsos brincavam nos seus carros jogando confetes e serpentinas sobre as pessoas.
Todos olharam para cima, certa vez, quando uma Águia sobrevoou o Rio. Os foliões desceram o morro da Mangueira e as Escolas de Samba tomaram conta do Carnaval carioca.
Momo então se viu novamente no paraíso! O Olimpo ficou pequenininho diante do maior espetáculo da Terra!
Momo arranjou para si uma mulher muito formosa, uma Mulata, e ambos foram coroados. O Rei do Carnaval, agora podia brincar feliz! O Rei Momo assumiu seu trono e a corte momesca instalou-se na Sapucaí definitivamente. O primeiro ato do Rei Momo foi decretar que todos deveriam se alegrar e brincar durante três dias sem parar, antes que chegassem as chuvas da quarta-feira de cinzas.
A Corte Real do Carnaval recebeu um convite para visitar o casal mais famoso de Olinda: o Homem da Meia-Noite e a Mulher do Dia enquanto o povo dançava o Frevo. O Rei Momo descobriu então que o povo já estava brincando há muitos dias! Nas ruas de Pernambuco, a Mulata não tinha como parar de dançar, mesmo depois que Lamartine disse assim: “o teu cabelo não nega”. A corte real tomou um banho de cheiro e partiu para a festa do interior.
O Rei Momo e sua Rainha foram, então, visitar uma turma muito singela e elegante na Bahia. Os Filhos de Gandhi, que dão um charme especial com suas roupas alvas e seus turbantes indianos. O Rei Momo perfumou-se de alfazema e ganhou de presente a proteção de Oxalá e Ogum: um colar azul e branco. Emocionado, o Rei Momo mandou fazer uma bandeira para representar o seu reino. Em decreto, disse que a bandeira deveria ter o pandeiro do Zé Pereira as cores dos Filhos de Gandhi.
O Rei Momo decidiu também que jamais voltaria para o Olimpo. Seu reino era aqui mesmo: no meio do povo, sem preocupações e tristezas. Assim é também o Carnaval da Mocidade Alegre de Olaria: o carnaval da harmonia e da união entre os povos.
Pesquisa e Criação: Julio Cezar Gomes Pinto
Por: Julio Cezar Gomes Pinto.